Despedida de Neguinho da Beija-Flor emociona o carnaval: ‘Minha missão está cumprida’

Ícone do samba deixa os desfiles da Sapucaí após mais de 40 anos de história

O carnaval carioca vive um momento de despedida e emoção. Neguinho da Beija-Flor, um dos maiores intérpretes de samba-enredo da história, anunciou que não será mais a voz oficial da Beija-Flor de Nilópolis nos desfiles da Marquês de Sapucaí. Depois de mais de quatro décadas à frente da escola, o cantor se afasta da avenida, deixando um legado incomparável no carnaval brasileiro.

“Chegou a hora de passar o bastão. Foram muitos anos de dedicação, alegria e emoção. A Beija-Flor é minha casa e sempre será, mas agora quero aproveitar de outra forma, sem a responsabilidade de puxar o samba”, declarou Neguinho.

Mesmo sem participar dos desfiles, ele garantiu que seguirá acompanhando a escola e prestigiando o carnaval. “Minha história com a Beija-Flor não termina, apenas entra em um novo capítulo”, afirmou.

Uma trajetória de glórias e momentos inesquecíveis

Neguinho da Beija-Flor estreou na escola em 1976, marcando uma nova era para a agremiação de Nilópolis. Com sua voz potente e presença de palco única, ele transformou os sambas-enredo da Beija-Flor em verdadeiros hinos do carnaval carioca.

Ao longo dos anos, Neguinho ajudou a escola a conquistar 14 títulos no Grupo Especial, sendo um dos intérpretes mais vitoriosos da história da Sapucaí. Entre os sambas inesquecíveis que imortalizou, estão:

  • A grande constelação das estrelas negras (1983)
  • Ratos e urubus, larguem minha fantasia (1989)
  • Brasil, um coração que pulsa forte (1998)
  • Sonhar com rei dá leão (2003)
  • Áfricas, do berço real à corte brasiliana (2007)

Seu estilo inconfundível e sua entrega no microfone foram fundamentais para consolidar a Beija-Flor como uma das escolas mais temidas e respeitadas do carnaval.

A última vez na Sapucaí

A despedida de Neguinho da Beija-Flor foi marcada por fortes emoções. No desfile de 2025, ele pisou na avenida pela última vez como intérprete principal da escola e foi ovacionado pelo público. Durante sua performance, sambistas, integrantes da Beija-Flor e fãs cantaram junto com ele, reconhecendo sua importância para o carnaval.

Ao final do desfile, a agremiação preparou uma homenagem especial, com vídeos de sua trajetória e mensagens de personalidades do samba. “Você é eterno, Neguinho! Sua voz está cravada na história da Beija-Flor e do carnaval”, declarou um emocionado Laíla, diretor de carnaval da escola por muitos anos.

O próprio Neguinho não segurou as lágrimas e agradeceu ao público:

“Cada desfile foi um presente. Cantei para o mundo e recebi de volta o carinho de milhões de pessoas. Minha missão está cumprida.”

O que muda na Beija-Flor sem Neguinho?

Com a saída de Neguinho da Beija-Flor dos desfiles, a escola inicia um novo ciclo. A diretoria ainda não confirmou quem assumirá o microfone principal, mas a expectativa é que o sucessor seja alguém capaz de manter a tradição e o estilo imortalizado por Neguinho.

Embora sua ausência seja sentida na avenida, sua influência continuará presente. “Neguinho sempre será nossa referência. Ele nos ensinou a vibrar com o samba e a dar vida ao desfile”, comentou um dos diretores da agremiação.

A escola ainda planeja novos projetos envolvendo o cantor, como um documentário sobre sua carreira e uma possível participação especial nos desfiles futuros.

O legado que fica

Neguinho da Beija-Flor não é apenas um intérprete, mas um dos maiores nomes da história do carnaval. Sua voz ajudou a transformar os desfiles em verdadeiros espetáculos e emocionou milhões de pessoas ao longo das décadas.

Além do trabalho na Beija-Flor, Neguinho também se destacou em sua carreira solo, lançando sucessos como Deixa eu te amar e Malandro é malandro e mané é mané. Sua influência vai além do samba-enredo, sendo uma referência para gerações de artistas.

Sua despedida não marca um adeus, mas sim um novo capítulo na história de um dos maiores nomes da música brasileira.

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