Novo trabalho reúne Zeca Baleiro, Zélia Duncan, Cazuza, Rômulo Fróes e outros em seis faixas que exploram musicalidade, poesia e memória afetiva
O cantor e compositor Leoni lança no dia 6 de junho o EP Baladas sortidas, projeto que aposta na diversidade de estilos, temas e colaborações para apresentar seis canções que transitam entre o pop, a reflexão poética e o experimental. Com participações de artistas como Zeca Baleiro, Zélia Duncan, Rômulo Fróes, Henrique Portugal e uma regravação de faixa composta com Cazuza nos anos 1980, o novo trabalho de Leoni se estrutura como uma coleção afetiva e eclética — uma metáfora traduzida visualmente pela imagem de um baleiro clássico, símbolo da capa do EP.
“Baladas sortidas é exatamente isso: uma coleção diversa, saborosa, com letras e sons que não seguem um único caminho, mas se conectam por sensibilidade”, resume Leoni, em tom bem-humorado e afetivo.
De Cazuza a Rômulo Fróes: passado e presente se encontram em faixas inéditas
Um dos destaques do EP é Incapacidade de amar, canção composta por Leoni e Cazuza nos anos 1980 e originalmente gravada pelo grupo Heróis da Resistência. Na nova versão, a faixa ganha arranjos inéditos de metais assinados por George Israel, que também participa da produção ao lado de Antonio e Leo Leoni, filhos do cantor.
“Essa versão ficou mais para cima, mais solar. É a segunda música que fiz com o Cazuza, e essa regravação conseguiu resgatar a força que ela merecia”, comenta Leoni.
A outra faixa inédita do trabalho é Fazia sentido no papel, criada em parceria com Rômulo Fróes. A canção investiga os limites entre poesia e música, propondo uma leitura metalinguística do próprio processo de composição.
“Era uma letra muito específica, sobre linguagem, e achei ideal entregar ao Rômulo, um artista de vanguarda. Gravamos juntos, e a música ficou diferente de tudo no EP — quase uma faixa oculta, uma surpresa filosófica”, revela o artista.
Canções já lançadas se integram ao conceito das ‘baladas sortidas’
Além das duas inéditas, o EP também reúne faixas lançadas anteriormente, agora reinterpretadas dentro do conceito de um mosaico afetivo e sonoro:
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Quem nos dera – Dueto inédito com Zélia Duncan, marcado por lirismo e maturidade;
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Tenta – Composição em parceria com Henrique Portugal (Skank), com leveza e groove pop;
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Nuvem vermelha – Releitura com forte identidade experimental, assinada por Ana Frango Elétrico, Marina Nemesio e Bruno Berle;
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Te entendo cem por cento – Escrita com George Israel e Frejat, tem dueto com Zeca Baleiro e reflexões sobre o existir.
“As letras abordam temas diversos. Tem filosofia, crítica, romantismo e até conversa com Camões. É um repertório que sai do trivial e provoca”, explica Leoni.
Visual traduz conceito: música como memória sensorial
O conceito visual do EP reforça a ideia de variedade afetiva. Cada single lançado individualmente trouxe, como capa, a imagem de uma bala diferente: coloridas, doces, cítricas, redondas. Já a capa do EP reúne todas elas em um baleiro tradicional, como uma coletânea de sabores que remetem à infância — e, neste caso, à memória musical e emocional.
“Balas sortidas são imprevisíveis. Assim como essas canções. Cada uma tem um sabor, uma intensidade e um tempo de dissolver na boca — ou no ouvido”, brinca o cantor.
Trabalho coletivo e familiar: produção une gerações e afetos
O EP também se destaca pelo caráter colaborativo. Os filhos de Leoni, Antonio e Leo Leoni, assinam a coprodução e participam das gravações e mixagens. Eles também atuam como músicos nas faixas, dividindo os créditos com nomes como Antonio Neves (trombone), Dudu Santana (trompete) e Marina Nemesio (backing vocal).
“É um disco que se fez em família, mas também em comunhão com artistas que admiro. Tem afeto em cada nota”, destaca Leoni, valorizando a construção coletiva do projeto.
Entre o pop e a filosofia: liberdade criativa como premissa
Ainda que tenha o pop como base, Baladas sortidas aposta na liberdade criativa como norte. O resultado é um repertório que mistura baladas românticas, críticas sociais, investigações poéticas e experimentações sonoras — tudo com unidade conceitual e sofisticação artística.
“A ideia era mesmo essa: reunir composições diferentes, temas que escapam do óbvio, com parceiros que compartilham essa liberdade criativa”, afirma Leoni.
Maturidade e inovação: Leoni se reinventa com leveza e profundidade
Com quase 40 anos de carreira, Leoni mostra que é possível renovar a própria linguagem artística sem abrir mão da identidade. O EP marca um novo momento de sua trajetória, em que a maturidade encontra a experimentação e a afetividade se soma à sofisticação estética.
O lançamento de Baladas sortidas no dia 6 de junho representa mais que um novo projeto: é um exercício de escuta, reinvenção e diálogo com o tempo. Assim como as balas do título, o EP convida o público a saborear, lentamente, cada canção — com surpresa e emoção.